Por vezes,
quando os gestores de recursos humanos reflectem sobre as medidas a tomar para
melhorar as competências das suas equipas, pensam nomeadamente em facultar-lhes
o “antibiótico formação”, quer
através de um MBA, um mestrado, uma pós-graduação ou uma formação mais
customizada à realidade organizacional do cliente ou então seguindo uma
vertente mais personalizada, utilizando um antibiótico mais potente “o
coaching”.
Não temos a
menor dúvida que tanto o “antibiótico formação” como o “antibiótico coaching”
podem ajudar a melhorar o estado de “saúde do paciente”, leia-se, que lhe
faculte um maior grau de auto-consciência, novos conhecimentos e que o ajude a
dar os primeiros passos na realização de tarefas/acções novas no seu repertório
comportamental.
O principal
erro na análise destas situações, na nossa opinião, é acreditar que são
medicamentos que ao serem tomados em toma única ou mesmo em tomas de curta
duração podem erradicar não só os sintomas mas também as causas que padecem os
“pacientes”.
Mormente esta
decisão está assente muitas vezes, naquilo a que os psicólogos sociais apelidam
do erro fundamental de atribuição, o qual significa que atribuímos a
responsabilidade das situações à personalidade do individuo e desvalorizamos a
importância do contexto no comportamento do individuo.
Significa que o
gestor define que existe um “paciente” e, que esse “paciente” precisa de uma
intervenção através do “antibiótico formação” ou “antibiótico coaching”. A
questão é que esse possível paciente ou pacientes, estão inseridos num
contexto, numa equipa, com as quais interagem e, através das quais se
interinfluenciam.
Isto quererá
dizer que toda a equipa precisará de “antibióticos formação” ou de “antibióticos
coaching”?
Acreditamos
que em vez de olharmos para a formação como um antibiótico devemos olhar para
ela como uma vitamina.
O gestor de
Recursos humanos deverá ser capaz de ele próprio ser capaz de realizar um bom
diagnóstico ou então de se aconselhar com especialistas que saibam realizar um
diagnóstico adequado da situação e de saber escolher quais as soluções certas
para a resolver.
Não realizando
um bom diagnóstico, utilizando a formação como um medicamento e não como uma
vitamina, não tarda que quando lhe apresentado como um medicamento numa próxima
vez que lhe seja aconselhado, o GRH diga que esse medicamento é vendido como
uma panaceia para todos os males, mas que pela sua experiência fica aquém do
esperado.
Assim, os
consultores de formação quando apresentarem as suas soluções aos problemas que
o cliente retrata deverão apresentar-lhe “vitaminas”
que permitirão melhorar a médio-longo prazo a qualidade de vida das equipas e
das organizações onde elas estão inseridas. E não prometer-lhe a formação como
um “medicamento”, como uma panaceia, que permitirá melhorar substancialmente os
resultados a curto prazo.
Acredito
verdadeiramente que a formação e/ou coaching possa ser útil ao desenvolvimento
das competências individuais e das equipas. Mas não como sendo vista e
utilizada como um medicamento, como um antibiótico e/ou aspirina com uma acção
rápida e produzindo resultados imediatos, mas sim como um cocktail de vitaminas
que permitirá a médio-longo prazo melhorar o sistema imunitário do individuo e
da própria organização tornando-a numa empresa mais saudável. Sendo mais
saudável será mais positiva e criativa e consequentemente mais inovadora e
obviamente obterá melhores resultados.
Nós acreditamos nisso e por isso vendemos vitaminas e você, o que vende?