Um
estudo realizado entre 2011 e 2013 pela Gallup em 142 países revela que apenas
13% dos colaboradores está comprometido –
engaged - com a sua organização. As razões para a falta de compromisso são
com certeza variadas, entre elas a falta de liderança, o enfoque nos resultados
(e não nas pessoas), a falta de investimento na evolução do talento, métodos de
trabalho antiquados e pouco adaptados ao mundo moderno.
Outro
tipo de razões remetem para “novas carreiras” em que se busca o desenvolvimento
pessoal e o bem-estar, mais do que a estabilidade e a segurança de uma carreira
tradicional.
E
se existirem organizações em que possamos conciliar o desenvolvimento pessoal e
o desenvolvimento profissional?
Robert
Keegan, um especialista em Educação para Adultos revela num estudo apresentado
recentemente na Universidade de Harvard, uma prática observada em cerca de vinte
companhias norte-americanas, a que deu nome de “deliberately
developmental organizations”, organizações em que partilhar as limitações não é sinónimo de fraqueza
mas um caminho para o crescimento pessoal e profissional.
Claro, que nem todas as organizações
estão preparadas para saber lidar com as questões pessoais de cada um e, na
maior parte das vezes o gap entre aquilo que as pessoas são e aquilo que as
pessoas mostram, advém da ausência de diálogo e de abertura para abordar as
questões pessoais com maturidade e sentido de responsabilidade. As organizações
que conseguem fazer isso, criam espaços de diálogo francos, abertos e
autênticos, que permitem, se bem geridos, que as pessoas olhem para as suas
vulnerabilidades, não como algo que precisa de ser escondido dos outros, mas algo
que precisa de ser trabalhado e assumido com coragem e vontade de crescer.
Depois ao longo do tempo, se sentirmos
que uma espada de Dâmocles não cairá em cima de nós se assumirmos as
nossas vulnerabilidades, vamos sentindo menos riscos e transformaremos a ideia
de que mostrar esse ponto menos positivo não é assim tão mau, nada nos
acontecerá e provavelmente ainda aprenderemos algo com isso.
Este
tipo de organizações criam uma cultura em que as pessoas aceitam a sua
incompletude ou inadequação mas mesmo assim são incluídos, aceites e
valorizados. São culturas autênticas.
Normalmente
identificamos este tipo de abertura, de transparência e de autenticidade
nalgumas formações mais profundas e transformadoras, mas achamos impossível que
isso possa acontecer no mundo real. No entanto, nestas organizações
bem-sucedidas encontramos a prova que a realização pessoal e o sucesso
empresarial não são mutuamente exclusivos.
Nuno
Gonçalves – Partner Learnview