sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sísifo & Peter

Sísifo, uma personagem da mitologia grega foi castigado a empurrar uma pedra até ao topo de uma montanha e, quando quase atingia o topo, a pedra caía e este processo seria sempre repetido até à eternidade; O princípio de Peter refere-se à ideia de que todo o colaborador é promovido até ao seu nível máximo de incompetência, isto é, até ao ponto em que terá que desempenhar tarefas para as quais ele não está preparado e por isso tornar-se-á incompetente;
Todos nós já encontrámos Sísifos e Peters nos nossos locais de trabalho – Sisifos que repetem diariamente a mesma rotina sem se interrogarem, sem exercerem o seu livre arbítrio, sem se apaixonarem por aquilo que fazem, criticando a triste sina de que todos os dias terão que levar a pedra até ao cume da montanha; Peters que procuram mascarar a sua incompetência através de jogos habilidosos de ilusão;
O contexto, claro está, as organizações, criam as condições para a existência de Sisifos e Peters, porque estão desprovidas de valores, de significados enriquecedores, de poesia; e por isso, destroem o sentido metafisico e por isso transcendente na qual deveria estar imbuída a missão e visão da organização; Porque não estão preparadas para aprenderem em conjunto, para co-criarem e aceitarem o erro como parte integrante do crescimento organizacional; e, dessa forma, “obrigam” os Peters a criarem brilhantes jogos de dissimulação da incompetência – porque não há espaço para errar e por isso sem espaço para aprender.
                As organizações do presente deverão ser capazes de criar organizações providas de significado, de valores, de alma, em que os colaboradores sentem diariamente prazer naquilo que fazem porque entendem o carácter e a importância distintiva das suas missões;
Deverão ser capazes de transformar os Peters em aprendizes humildes que aceitam a sua incompetência momentânea e se deixam envolver numa aprendizagem colectiva e individual.
Utopia? Talvez. Mas o que seria do ser humano se não almejasse alcançar (im)possíveis?
A formação, como uma ferramenta de mudança e desenvolvimento organizacional, deverá ser um dos veículos de transformação das organizações – se alicerçada numa estratégia coerente, com princípios e objectivos bem definidos, sustentada em bases sólidas, construída com base no pressuposto de uma aprendizagem generativa, isto é, que produz, constrói novos entendimentos e significados e não apenas que reproduz lugares comuns, a formação, será sempre, um óptimo disseminador da estratégia e muito provavelmente dar uma contribuição decisiva para eliminar e reduzir os Sisifos e Peters nas nossas organizações.

Nuno Gonçalves – Partner LearnView

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