Sísifo, uma
personagem da mitologia grega foi castigado a empurrar uma pedra até ao topo de
uma montanha e, quando quase atingia o topo, a pedra caía e este processo seria
sempre repetido até à eternidade; O princípio de Peter refere-se à ideia de que
todo o colaborador é promovido até ao seu nível máximo de incompetência, isto
é, até ao ponto em que terá que desempenhar tarefas para as quais ele não está
preparado e por isso tornar-se-á incompetente;
Todos nós já
encontrámos Sísifos e Peters nos nossos locais de trabalho – Sisifos que repetem diariamente a mesma
rotina sem se interrogarem, sem exercerem o seu livre arbítrio, sem se
apaixonarem por aquilo que fazem, criticando a triste sina de que todos os dias
terão que levar a pedra até ao cume da montanha; Peters que procuram mascarar a sua incompetência através de jogos
habilidosos de ilusão;
O contexto,
claro está, as organizações, criam as condições para a existência de Sisifos e Peters, porque estão desprovidas de valores, de significados
enriquecedores, de poesia; e por isso, destroem o sentido metafisico e por isso
transcendente na qual deveria estar imbuída a missão e visão da organização;
Porque não estão preparadas para aprenderem em conjunto, para co-criarem e
aceitarem o erro como parte integrante do crescimento organizacional; e, dessa
forma, “obrigam” os Peters a criarem
brilhantes jogos de dissimulação da incompetência – porque não há espaço para
errar e por isso sem espaço para aprender.
As
organizações do presente deverão ser capazes de criar organizações providas de
significado, de valores, de alma, em que os colaboradores sentem diariamente
prazer naquilo que fazem porque entendem o carácter e a importância distintiva
das suas missões;
Deverão ser
capazes de transformar os Peters em
aprendizes humildes que aceitam a sua incompetência momentânea e se deixam
envolver numa aprendizagem colectiva e individual.
Utopia?
Talvez. Mas o que seria do ser humano se não almejasse alcançar (im)possíveis?
A formação,
como uma ferramenta de mudança e desenvolvimento organizacional, deverá ser um
dos veículos de transformação das organizações – se alicerçada numa estratégia
coerente, com princípios e objectivos bem definidos, sustentada em bases
sólidas, construída com base no pressuposto de uma aprendizagem generativa,
isto é, que produz, constrói novos entendimentos e significados e não apenas
que reproduz lugares comuns, a formação, será sempre, um óptimo disseminador da
estratégia e muito provavelmente dar uma contribuição decisiva para eliminar e
reduzir os Sisifos e Peters nas
nossas organizações.
Nuno Gonçalves
– Partner LearnView
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