quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Autenticidade organizacional & Engagement


Um estudo realizado entre 2011 e 2013 pela Gallup em 142 países revela que apenas 13% dos colaboradores está comprometido – engaged - com a sua organização. As razões para a falta de compromisso são com certeza variadas, entre elas a falta de liderança, o enfoque nos resultados (e não nas pessoas), a falta de investimento na evolução do talento, métodos de trabalho antiquados e pouco adaptados ao mundo moderno.  
Outro tipo de razões remetem para “novas carreiras” em que se busca o desenvolvimento pessoal e o bem-estar, mais do que a estabilidade e a segurança de uma carreira tradicional.
E se existirem organizações em que possamos conciliar o desenvolvimento pessoal e o desenvolvimento profissional?
Robert Keegan, um especialista em Educação para Adultos revela num estudo apresentado recentemente na Universidade de Harvard, uma prática observada em cerca de vinte companhias norte-americanas, a que deu nome de “deliberately developmental organizations”, organizações em que partilhar as limitações não é sinónimo de fraqueza mas um caminho para o crescimento pessoal e profissional.
Claro, que nem todas as organizações estão preparadas para saber lidar com as questões pessoais de cada um e, na maior parte das vezes o gap entre aquilo que as pessoas são e aquilo que as pessoas mostram, advém da ausência de diálogo e de abertura para abordar as questões pessoais com maturidade e sentido de responsabilidade. As organizações que conseguem fazer isso, criam espaços de diálogo francos, abertos e autênticos, que permitem, se bem geridos, que as pessoas olhem para as suas vulnerabilidades, não como algo que precisa de ser escondido dos outros, mas algo que precisa de ser trabalhado e assumido com coragem e vontade de crescer.
Depois ao longo do tempo, se sentirmos que uma espada de Dâmocles não cairá em cima de nós se assumirmos as nossas vulnerabilidades, vamos sentindo menos riscos e transformaremos a ideia de que mostrar esse ponto menos positivo não é assim tão mau, nada nos acontecerá e provavelmente ainda aprenderemos algo com isso.
Este tipo de organizações criam uma cultura em que as pessoas aceitam a sua incompletude ou inadequação mas mesmo assim são incluídos, aceites e valorizados. São culturas autênticas.
Normalmente identificamos este tipo de abertura, de transparência e de autenticidade nalgumas formações mais profundas e transformadoras, mas achamos impossível que isso possa acontecer no mundo real. No entanto, nestas organizações bem-sucedidas encontramos a prova que a realização pessoal e o sucesso empresarial não são mutuamente exclusivos.

Nuno Gonçalves – Partner Learnview

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